Regiões e nações são atravessadas e articuladas por sistemas de comunicação e informação agilizados pela eletrônica. Na aldeia global, empacotam-se as informações, além, das mercadorias convencionas. Estas são produzidas e comercializadas em escala global, sendo, também consumidas como mercadorias. Em outros tempos os mercados estrangeiros eram invadidos com mercadorias, hoje em dia, as culturas são invadidas com pacotes de informação, entretenimento e idéias.
Segundo Ianni, na aldeia global a mídia eletrônica desempenha o papel de intelectual orgânico, na concepção de Gramsci é o agente da vontade coletiva transformadora, dos centros mundias de poder, dos grupos dirigentes, das classes dominantes.
Mesmo que ela seja midiatizada, influenciada, questionada ou assimilada em âmbito local, nacional ou regional, aos poucos a mídia adquire o caráter de singular e insólito intelectual orgânico, articulado às organizações e empresas transnacionais predominantes nas estruturas de dominação política e econômica mundiais. Mas a mídia global não é monolítica, ela é influenciada por injunções locais, nacionais e regionais, bem como por divergências políticas, culturais, religiosas e outras. Compõe-se de empresas, corporações e conglomerados competindo nos mercados, disputando clientes, audiências, públicos e extratos sociais. Sob esse aspecto ela expressa muito do que vai pelo mundo na onda de integração e fragmentação, das diversidades e desigualdades, dos conflitos e acomodações.
Ao mesmo tempo, no entanto, uma parte da mídia trabalha em consonância com centros de poder de alcance mundial. Está acoplada às organizações e empresas transnacionais, por exemplo, a Walt Disney é uma supergigante no setor, ela é proprietária da rede ABC de televisão, da Walt Disney Pictures, mantém negócios de vídeo, uma sociedade com três telefônicas regionais, etc. A japonesa Sony é proprietária da Columbia Pictures, da Tristar Pictures e de uma produtora de vídeo.
Na aldeia global tudo tende a se tornar representação, realidade pasteurizada, simulacro virtual, como em um espetáculo. O mundo que é passado na mídia tem muito de um mundo virtual, que existe abstrato por si em si. Tudo se globaliza e virtualiza, como se as coisas, as pessoas e as idéias se transfigurassem pela eletrônica. Toda realidade, segundo Ianni, mais ou menos complexa, problemática ou não, sempre se traduz em representação, imagens, metáforas etc. Nesse sentido, a mídia adquire e expande sua influência no imaginário de muitos. Ela detém o controle sobre o modo pelo qual os fatos importantes ou não, regionais ou mundiais, reais ou imaginários se difundem pelo mundo. Pode mudar do real para virtual, como do virtual para o real.
Ë evidente que o tecido da aldeia global tem sido mercado, já que tudo se comercializa, tudo se transforma em mercadoria, tudo tende a ser mercantilizado, produzido e consumido como mercadoria. Mas, ao mesmo tempo, na base da aldeia global está a informatização, estão as técnicas eletrônicas compondo uma máquina universal que opera múltiplas mensagens e está presente em todos os lugares. E para operar essas tecnologias sobressai uma categoria específica de intelectual, são eles que pensam os meios e modos de operação do todo e de suas partes, colaborando para que se articulem dinamicamente , de modo a constituir a aldeia como sistema global. Eles operam as tecnologias da inteligência, cada vez mais indispensáveis, quando se trata de desenhar, tecer, colorir, sonorizar e movimentar a aldeia global, traduzindo as configurações e os movimentos da sociedade mundial.
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